9.16.2013

Novo Hamburgo (RS) – Sociedade civil protesta contra demolição no Centro Histórico de Hamburgo Velho

Foto: Pamela Stocker
Foto: Pamela Stocker
A demolição de mais um patrimônio do centro histórico de Hamburgo Velho não foi bem recebida pela comunidade. Integrantes do Coletivo Consciência Coletiva, em parceria com a Defender, marcaram a insatisfação através de dois atos simbólicos no final de semana.
A Casa Koch, construída na década de 20 e situada dentro do perímetro de proteção rigorosa em tombamento federal pelo IPHAN, teve sua demolição autorizada pela Comissão do Patrimônio Cultural e Natural do município. A principal alegação seria a de que uma rachadura inviabilizaria sua restauração. “Conhecemos a casa e sabemos que estava íntegra. Se a suposta rachadura existia, é evidente que se resolveria com intervenções recuperativas. Nenhum colegiado tem o poder de anular um direito coletivo e difuso com uma decisão, é inconstitucional” opina o delegado regional da Defender no Vale do Sinos, Jorge Luís Stocker Junior. Para ele “Ainda que de fato estivesse condenada estruturalmente, a casa poderia ser recuperada. E ainda que insistisse na demolição, a Comissão deveria ter submetido o caso ao IPHAN.”
Foto: Pamela Stocker
Foto: Pamela Stocker
Para o delegado da Oscip Defender Alexandre de Oliveira Reis, “Esta situação demonstra que chegamos a um limite, pois se permite demolições até mesmo no centro histórico. É insustentável. Precisamos de intervenções urgentes que viabilizem a preservação do patrimônio edificado da cidade” . Alexandre tem atuado na campanha de conscientização SOS Patrimônio Cultural.
Durante a semana, a Oscip Defender relatou a irregularidade da demolição a todos os órgãos competentes. Jorge esclarece: “Secretaria de Desenvolvimento Urbano, de Cultura, integrantes da Comissão do Patrimônio, Promotoria do Ministério Público, IPHAN, foram todos avisados da irregularidade a tempo de impedir a demolição completa. Infelizmente não tivemos nenhum retorno. Desemparada, só restou a sociedade marcar sua insatisfação através de atos simbólicos”.
Foto: Pamela Stocker
Foto: Pamela Stocker
O primeiro ato foi realizado no sábado, dia 14 de setembro, durante o Seminário Regional dos Delegados de Cultura do Vale do Sinos. Representantes da Defender realizaram uma manifestação pacífica presentando o Secretario Municipal de Cultura, Carlos Mossman, com uma coroa de flores em protesto a permissão de demolição da Casa Koch. O secretário havia reiterado na imprensa durante a semana sua posição favorável a demolição do imóvel. Ao receber o manifesto, Mossman desequilibrou-se e chutou a coroa a pontapés, assustando os presentes, alguns dos quais se retiraram em protesto.
Foto: Pamela Stocker
Foto: Pamela Stocker
Já no domingo, dia 15, foi realizado o Cortejo Fúnebre em homenagem a Casa Koch. A manifestação saiu da Rua Piratini em direção ao que restava da casa,  carregando coroas de flores, cruzes, cartazes e marcha fúnebre tocada no violão pelo artista Anderson Claiton. Para Alexandre, “Neste ato a sociedade civil demonstrou que não aceita o ocorrido, não é cúmplice e não pactua com mais esta omissão.” As coroas foram deixadas sob os tijolos da casa demolida, junto de velas e cruz. Foi realizada uma solenidade no local, levantando o histórico do imóvel e sua importância.
O cortejo seguiu até a Casa Grünn, na rua General Osório, onde foi realizado um abraço coletivo na residência. Inventariada e na área em estudo de tombamento federal e estadual, é um dos imóveis mais importantes do centro histórico e encontra-se em acelerada degradação. “Consideramos importante terminar a manifestação com uma ação positiva. A Casa Koch se perdeu com a omissão dos órgãos que deveriam tê-la assegurado. Com este abraço, quisemos marcar que a sociedade não aceita que isto se repita. Uma rachadura não pode cancelar o valor cultural do patrimônio.” declarou Jorge.
Foto: Pamela Stocker
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Após a manifestação, alguns participantes permaneceram em uma reunião informal no ateliê do artista Alexandre Reis e sede do Coletivo Consciência Coletiva, onde foi debatida a cultura no município. Finalizando, o artista Alexandre Reis fez aos presentes uma exibição pública do seu “Malifesto”, uma intervenção artística que aborda a situação do patrimônio cultural na cidade. Durante todo o trajeto a manifestação envolveu cerca de 35 participantes. 

Fonte: http://defender.org.br/noticias/rio-grande-do-sul/hamburgo-rs-sociedade-civil-protesta-demolicao-centro-historico-hamburgo-velho/

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