7.16.2015

Hoje, o artista Ernesto Frederico Scheffel nos deixou.


Hoje, o artista Ernesto Frederico Scheffel nos deixou.

Além da extensa e relevante obra artística, legou uma trajetória de militância pela preservação do patrimônio cultural.

No início da década de 1980, Scheffel conseguiu reunir uma rede de voluntários no 'Movimento de Preservação do Patrimônio Histórico e Artístico', em Hamburgo Velho.

As atividades do grupo aconteciam nas manhãs de domingo, com almoço de confraternização por conta do artista. Os voluntários procederam a pintura de muitas edificações históricas de Hamburgo Velho, através dos esquemas cromáticos idealizados por Scheffel.

Posteriormente, Scheffel movimentou a concretização do tombamento da Casa Schimitt-Presser como Patrimônio Histórico Nacional, sendo a primeira edificação enxaimel tombada no Brasil.

Scheffel mexeu com a auto-estima do bairro e, através de suas ações, fez a cidade refletir a relação temporal, problematizando seu passado, presente e futuro.

O movimento encabeçado por Scheffel foi vanguardista no contexto do patrimônio cultural brasileiro, pois antecede o reconhecimento público e mesmo, as disposições da Constituição de 1988.

O resultado foi, antes de tudo, uma afirmação da existência do centro histórico de Hamburgo Velho. Espaço da cidade que, enfrentando uma trajetória tumultuada de perdas e descaracterizações, viria finalmente a ser reconhecido somente neste ano de 2015 como Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN.

Scheffel demonstrou com sua obra e suas ações, a importância do papel do artista - e da arte - na cidade, a possibilidade e até mesmo necessidade de protagonismo da sociedade civil frente às omissões dos poderes públicos.

Hoje temos um centro histórico pelo qual lutar pela preservação.

Obrigado, Scheffel!

Fonte da imagem: Jornal do Comércio / Freddy Vieira